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Date: Setembro 22, 2022

Author: Eu Consigo

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Um Homem não Chora?

Sabia que a taxa de suicídio é maior nos homens do que nas mulheres?

(Fonte da imagem Pexels Pranavsinh surácia.com)

Alguns estudos revelam que uma possível razão para ocorrer mais nos homens, poderá estar relacionado com o pesado legado de que “um homem não chora” levando os meninos e os rapazes a passar grande parte da sua vida a suprimir, a guardar, a esconder todas as emoções e frustrações. Atitudes como estas acabam por moldar e ter um impacto profundo no futuro homem adulto. Enquanto pessoa e terapeuta ocupacional, defendo que temos de acabar com o preconceito de que a pessoa com problemas do foro psiquiátrico é preguiçosa, por não se sentir motivada a trabalhar, ou cobarde, por pensar em suicídio, entre outros rótulos pouco abonatórios. O suicídio é um problema de saúde pública e consequência de vários fatores difíceis na história de vida da pessoa que culmina num sofrimento intenso em que se deixa de sentir prazer nas atividades significativas, perdendo, esquecendo toda a sua identidade ocupacional.

No dia 10 de Setembro celebrou-se o dia mundial da prevenção do suicídio. Este dia foi criado, em 2003, pela Associação Internacional para a Prevenção do Suicídio e pela Organização Mundial de Saúde. Com o nobre objetivo de se conseguir salvar vidas, realizaram-se, no dia 10 de setembro de 2022, cerca de 600 atividades em 70 países do mundo. Em Portugal, a Sociedade Portuguesa de Suicidologia organizou várias palestras em cooperação com Direção Geral de Saúde de forma a prevenir o ato do suicídio.  Nestes eventos ocorreram atividades de valorização da vida e reflexões positivas de forma a combater a dor de muitas pessoas, bem como falar sobre saúde mental, levando a esperança a quem sofre silenciosamente.

A Organização Mundial de Saúde estima que o suicídio está entre as 20 principais causas de morte no mundo, sendo uma das principais entre adolescentes e adultos até aos 35 anos. Infelizmente, as estatísticas revelam que, anualmente, morrem cerca de um milhão de pessoas por suicídio em todo mundo, equivalente a 1 morte a cada 40 segundos. Paralelamente a isto, sucedem entre 10 a 20 milhões de tentativas de suicídio por ano. Por cada pessoa que morre, outras vinte pensam ou tentam seguir o mesmo “caminho”.

Intervenção da Terapia Ocupacional

No pressuposto que a identidade ocupacional é em grande parte o que nos define como pessoas, o terapeuta ocupacional procura não só conhecer a história de vida da pessoa, mas respeitar a sua identidade ocupacional, lutando contra a privação ocupacional bem como conduzi-la ao envolvimento em atividades que antes eram significativas. 

A intervenção de um terapeuta ocupacional passa por promover a ocupação, a saúde e o bem-estar elevando o sentido de pertença, autoestima e autonomia da pessoa com problemas de saúde mental. E quando intervém num contexto de Fórum Socio-Ocupacional, ou de Hospital ou de domicílio inteira-se de todos os pormenores da identidade ocupacional de cada pessoa, das causas da ausência de atividades e de isolamento social.  

As sessões são cuidadosamente estudadas de forma a incentivar, motivar e provocar envolvimento ocupacional, entre outras estratégias de intervenção, de:

-Diálogo com os familiares ou os amigos, desmistificando ou esclarecendo porque é que a pessoa deixou de conseguir realizar determinada atividade, (como por exemplo tomar banho), e envolvê-los em todo o processo de intervenção;

-Recurso a debates e trabalhos realizados em conjunto com um tema significativo para a pessoa;

-Construção da história de vida, através da identificação de etapas e conquistas que marcaram a vida da pessoa, de forma a relembrar momentos de felicidade e a importância de voltar a estar envolvida em atividades que outrora eram significativas;

-Sessões de relaxamento, promovendo a descontração do corpo e da mente e procurando reduzir eventuais níveis de ansiedade e ataques de pânico;

-Atividades que promovem o “flow”, como caminhar, passear, ir à praia, ver e ouvir o mar, tirar fotografias, desenhar, ouvir música, cozinhar, entre outras. Neste estado de “flow” há um envolvimento intenso com a tarefa e a sua realização promove grande satisfação, impulsionando igualmente a imaginação, a criatividade, a capacidade de improviso, a sensação de liberdade e de atenção plena.

Acredito que o trabalho do terapeuta ocupacional na promoção da saúde mental é fundamental para a prevenção do suicídio. Contudo enquanto sociedade, ainda há um longo caminho a fazer na desconstrução de estigmas relacionados com a doença do foro psiquiátrico.

Está na altura de começarmos a preocupar-nos com a saúde mental da mesma forma como nos preocupamos com a saúde física, cuidando de nós próprios e dos outros e fomentando um ambiente de abertura e partilha à volta deste tema.

É urgente olharmos para a saúde mental como um tema de saúde pública e não como um problema individual a ser escondido, sendo certo que as pessoas, para voltarem a ser felizes, têm que primeiro ser compreendidas, aceites e valorizadas. Só assim se poderá voltar a despertar a força de vontade, o sentimento de pertença e a vontade de viver em felicidade. Por isso, neste mês em que se celebra o dia mundial de prevenção do suicídio, reflita: tem cuidado da sua saúde mental? Se não, porque não começar hoje mesmo?

//www.agudos.sp.gov.br/noticia/2181/10-de-setembro-dia-mundial-de-prevencao-ao-suicidio/

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