O que os pais precisam de saber para promover o desempenho escolar e a participação ocupacional das crianças

O sucesso escolar pode ser aferido através das avaliações académicas e da participação social da criança. Esta precisa de estar preparada para lidar com as instruções solicitadas e exigidas na sala de aula, e apresentar um comportamento adequado no recreio, cantina e em outras áreas.

Por vezes as crianças vivenciam dificuldades que as impedem de apresentar um desempenho escolar adequado à sua idade, como: dificuldades a escrever (pegar o lápis, realizar força a mais ou a menos, etc), participar activa e espontaneamente em actividades propostas (seja na sala, recreio, ou extra curriculares), estar atento nas aulas, estar correctamente sentado na sala de aula, entre outras.

O terapeuta ocupacional trabalha em conjunto com a criança de modo a assegurar que esta possa participar nas diversas atividades escolares, desde prestar atenção nas aulas, concentrar-se na tarefa que está a realizar, segurar um lápis, instrumento musical ou um livro da forma mais fácil; ou comportar-se de forma adequada na sala de aula. Assim, um terapeuta ocupacional pode ser recomendado para trabalhar junto do aluno as suas capacidades motoras, processamento cognitivo, problemas visuais ou de percepção, questões de saúde mental, dificuldades em manter-se concentrado numa tarefa, desorganização,ou respostas sensoriais inapropriadas.

O terapeuta ocupacional pode ainda trabalhar em conjunto com o professor da criança de modo a realizar uma avaliação mais detalhada do comportamento e desempenho do aluno e sugerir alterações na disposição da sala, na altura dos equipamentos, alertar para posturas incorrectas, indicar qual a melhor postura a ter na secretária de modo a evitar futuros problemas, facilitar a aprendizagem e promover comportamentos adequados.

Em Portugal, os terapeutas ocupacionais que trabalham em escolas acompanham, na sua grande maioria, crianças com disfunções que afetam as suas competências e dificultam a sua aprendizagem, nomeadamente: a paralisia cerebral, atrasos globais de desenvolvimento, hiperatividade e défices de atenção, síndrome de Down, espectro do autismo, condições ortopédicas, baixa visão, entre outras.

No entanto o terapeuta ocupacional também pode ser indicado para trabalhar com crianças que apenas apresentem dificuldades muito específicas como pegar o lápis, vestir-se sozinho, estar atento nas aulas, relacionar-se com os outros, entre outras; fornecendo as estratégias necessárias de forma a promover a adaptação escolar, a participação nas actividades propostas e as relações interpessoais da criança.

Testemunhos dos pais

No artigo de Ellen Cohn “Perspetiva dos pais face à abordagem de integração sensorial da Terapia Ocupacional” foram apresentados diversos testemunhos de pais de crianças que frequentaram a Terapia Ocupacional, deixamos aqui apenas alguns exemplos:

1. Capacidades/competências:

–  “Antes ele entrava num túnel no parque e não conseguia sair de lá porque não percebia a posição do seu corpo no espaço” (p. 289).
– “A minha filha adorava as sessões de Terapia Ocupacional (…). Penso que a ajudou na coordenação. Ela não era uma pessoa muito coordenada, mas agora faz ballet… e adora”

2. Envolvimento em atividades:

– “A minha filha agora é capaz de se vestir sozinha. Antes da terapia ela levava muito tempo a vestir-se e a organizar tudo de manhã. Ela agora é capaz de fazer isso já há dois anos” (p. 289)

3. Reconstrução da consciência do próprio valor:

– “A minha filha aprendeu a correr mais riscos. Quando ela se deparava com algo que era difícil, ela simplesmente dava um passo atrás. Ela tornou-se melhor no que diz respeito a correr riscos” (p. 290)

4. Mudanças no comportamento dos pais:

– “Uma coisa que me deixava maluca era quando ele punha as meias e os sapatos e depois sentia rugas ou algo do género, então estava constantemente a tirar e a pôr as meias e os sapatos. Para ele isso era um grande problema. Deixava-o maluco. Eu passei a percebê-lo um bocadinho melhor. Agora tenho em conta que ele não o está a fazer de propósito e que tenho que ser mais paciente” (p. 291).

– “Antes achava que o comportamento dele era ‘típico de um rapaz’, mas agora sei que tenho que ser mais sensível com as necessidades dele e tento estruturar o dia de forma a dar resposta a essas necessidades. A Terapia ocupacional ensinou-me a estar atenta àquilo que ele é realmente e não àquilo que eu espero que ele seja. E isso ajudou a focar-me” (p. 291).

O seu filho precisa de ajuda de um terapeuta ocupacional?

Existem diversos indicadores comportamentais que sugerem que a criança beneficiava do acompanhamento de um terapeuta ocupacional. Deixamos aqui alguns exemplos:

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a)      Escola

–       Não para quieto na sala de aula?

–    Tem dificuldades em terminar as tarefas propostas? (na escola ou em casa)

–       Vai contra a secretária muitas vezes? Vai contra os outros de propósito?

–       Faz muita ou pouca força quando escreve? Rasga a folha quando quer apagar?

–       Tem dificuldades em segurar o lápis? Tem dificuldades em usar a tesoura?

–       Tem dificuldades em pintar os desenhos dentro das linhas? Risca tudo?

b)     Brincar

–       Interage pouco com os outros?

–       Não explora o meio ou brinquedos?

–       É agressivo com os outros? Não mede ou tem pouca noção da força que tem?

–       Tem dificuldade a fazer puzzles?

c)      Vestir

–       Demora muito tempo a vestir-se e a abotoar camisas/calças/casacos?

–       Está constantemente a querer tiras as meias e os sapatos?

–       Tem dificuldades a vestir o casaco? A atar os atacadores?

Se verifica que o seu filho apresenta alguma destas dificuldades / comportamentos, saiba que o terapeuta ocupacional é o profissional adequado para ajudá-lo indicando estratégias e ajudas técnicas, e facilitando comportamentos adequados.

Para mais informações contacte-nos.

 

 

 

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