Formação dada por terapeutas ocupacionais? Porquê?
Poucos são os casos de entidades dedicadas à prestação de cuidados que utilizam o saber único dos terapeutas ocupacionais para formar as equipas. Uma realidade que está, pouco a pouco, a mudar.
Com base nas aprendizagens realizadas na licenciatura, e especificamente nos seus conhecimentos de análise e adaptação da ocupação, o Terapeuta Ocupacional é um especialista em “doing”. Ele avalia os factores físicos, psico-sociais e ambientais que limitam a capacidade de a pessoa realizar as actividades que considera significativas. O seu principal foco é habilitar para a ocupação, seja decompondo-a em actividades e tarefas realizáveis, seja treinando o utente para um melhor desempenho, seja modificando o ambiente em que o utente se insere, ou ainda introduzindo adaptações ou produtos de apoio que permitam o desempenho. Esta capacidade única do Terapeuta Ocupacional permite-lhe trabalhar com utentes de todas as idades, seja qual for o seu estado de saúde – da criança à pessoa idosa, da intervenção precoce aos cuidados paliativos – promovendo a estimulação, a autonomia, a independência e a capacitação.
Ora, esta visão e experiência únicas que os Terapeutas Ocupacionais têm do mundo, e que desenvolvem nos seus contextos de trabalho, são precisamente os factores que melhor os preparam e distinguem como os profissionais indicados – desde de convenientemente formados e certificados como formadores – para o aconselhamento, treino e formação de cuidadores.
Vejamos alguns exemplos de entidades que partilham esta mesma visão:
– A Canadian Association of Occupational Therapist destaca o papel do Terapeuta ocupacional na redução do stress do cuidador do doente de Alzheimer, referindo que o terapeuta pode “ajudar o cuidador a compreender o impacto da Doença de Alzheimer nas funções do dia-a-dia, e a compensar as limitações impostas pela doença” [1].
– De acordo com a American Occupational Therapy Association, e tendo em conta os resultados de um estudo[2] publicado pelo American Journal of Occupacional Therapy sobre os efeitos da educação e das estratégias de suporte nos cuidadores, “o treino psicossocial dos Terapeutas Ocupacionais habilita-os a servir de co-facilitadores de grupos de suporte emocional, gestão de stress e resolução de problemas que são eficazes na redução da morbidez psicológica, no incremento da coesão familiar e no adiamento da institucionalização.”
– A American Association of Occupational Therapists identifica a formação e aconselhamento a cuidadores como uma das grandes oportunidades para os Terapeutas Ocupacionais, no contexto do Affordable Care Act de 2010 [3].
– A American Occupational Therapy Association inclui na descrição das funções do terapeuta ocupacional “Educação e formação de indivíduos, incluindo membros da família, cuidadores e outros”[4].
– A Escola Superior de Saúde de Alcoitão apresenta[5] como um dos objectivos da licenciatura em Terapia Ocupacional que o Terapeuta Ocupacional seja capaz de “estabelecer parcerias, consultar e aconselhar os clientes, cuidadores, membros da equipa e outras entidades com o objectivo de habilitar o cliente para a ocupação e para a participação”.
É neste contexto que na Eu Consigo entendemos que uma equipa de formadores certificados cuja formação de base fosse a Terapia Ocupacional, e coadjuvados por outros formadores de áreas complementares, nomeadamente a psicologia, a terapia da fala, a enfermagem e a nutrição, seria um importante ponto de partida para o desenvolvimento de uma oferta formativa inovadora, que fosse ao encontro das necessidades reais dos cuidadores formais e outros profissionais de saúde.
Saiba mais em www.projectoeuconsigo.pt/formacao
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